Olha, que eu conheci uma dona boa lá em Cascadura grande criatura mas não sabia ler e nem tampouco escrever Mas ela é bonitona, bem feita de corpo e cheia da nota mas escreve gato com "J", escreve saudade com "C" pra você ver... Ela me disse outro dia, que estava doente, sofrendo do "estrombo" vixe, quase levei um tombo, caí durinho pra trás ela fala "Aribu", "arioprano" e "motocicreta" e diz que adora feijoada "compreta" ela é errada demais... vi uma letra "O" bordada em sua blusa, eu disse é agora perguntei seu nome ela me disse " Orora " eu sou filha do "Arineu" mas o azar é todo meu... Eu outro dia passeando em Madureira caí na asneira de dizer uns "psilones" a uma dona muito bem aparentada mas a danada pôs a boca no trombone chamou o guarda e contou tanta mentira e o pior é que o guarda acreditou meu deu uma bolacha quarta-feira às cinco horas eu tô levantando agora, a enfermeira me chamou juro por Deus que nunca mais em minha vida fazer gracinhas pela rua eu vou mulher bonita se passar eu viro a cara podem dizer que eu tô até borocoxô aquele guarda me deixou complexado se bobear um dia eu vou virar mulher meu camarada, se eu gostasse de bolacha comprava uma caixa de um biscoito qualquer Eu outro dia, sem querer no cais do porto pra olhar um morto eu desci do lotação num instantinho vi dois caras parecidos e pela farda acho que era o Cosme e Damião e num instante eu já estava no distrito me deram um bico que eu fiquei sem ouvir direito que coisa chata foi servir de testemunha me arrancaram a unha do dedão do pé direito me bateram tanto que eu fiquei abilolado me enfiaram um prego no buraco do nariz pra me ver livre dos carinhos do delega eu fui obrigado a confessar o que eu não fiz e eu confessei que no ano de mil e quinhentos no dia vinte de dois de abril o Pedro Álvares Cabral era inocente fui eu quem descobriu o Brasil eu confessei que matei o Tiradentes que sou culpado no estouro do Guandú paguei uma multa de cinquenta mil cruizeiros e fui à pé pra minha casa em Bangu...e muito jururú...