O violão pediu O violão pediu Que eu falasse por ele Contasse as histórias das noites passadas Que a gente sonhava na mesa do bar De lábios que se procuravam E mãos de carinho pra dar E mil arrepios pela pele Nas almas de vinho querendo se amar O violão chorou E eu chorando com ele Segui recordando moinhos Quixotes Histórias de fogo e de escuridão As cruzes dos campos abertos E lenços cansados de adeus Fraqueza, ganância, miséria As guerras dos homens em nome de Deus O violão pediu Que eu cantasse com ele Cantigas do tempo, o que é velho o que é novo Que nunca se alcança está sempre a passar Os filhos que foram embora Os pais que ainda virão Num mundo que morre e renasce Que sonha na boca do meu violão