Todos os sinais são vermelhos Todas as portas estão fechadas Todos os autocarros vão cheios as janelas embaciadas há gritos que atravessam a rua sempre fora da passadeira As nuvens colam-se á vidraça em abraços de geleia E a fome aperta Apertando o cerco Um dia eu serei fogo Como os paus dessa fogueira Um dia eu serei chama Se fores a minha companheira mas tu tardas tanto em chegar Cada vez tardas mais em chegar Então já eu serei pó Como a cinza da lareira porque o tempo Se arrasta Arrastando o tempo Sabes que morro Pelo fim de semana morro de fome pelo fim de semana fome de sair fome de te ver fome de saltar fome de te ter fome de voar Fome de cair Fome de te amar Para depois viver