Xirú Missioneiro

Romance D'um Peão Bagual

Xirú Missioneiro


Agarrei pelas anca uma china taura
Pra bailá comigo numa madrugada
Chacoaiá o mondongo e socá os caracu
Numa vanera véia das bem aporreada
Pedação de china que apartei a dedo
Pra mim a mais linda florão da tropilha
Parece uma piurra dançando a vanera
E os cabelo cheira a flor de masanilha

O coração estufa chega à criá um papo
Fica latejando igual goela de sapo

E o nêgo adalberto esgoela a oito soco
O buque me estronca pescoço de galo
Vanera beiçuda que das tão cuiuda
A missionerada bailonga a cavalo
E a indiada se atraca nas ruana e mulata
Que o muque em aparta vacada ou rodeio
Num eia! haha! de farra e risada
E a ceva gelada vem de copo cheio

O coração estufa chega à criá um papo
Fica latejando igual goela de sapo

Tiro a prenda para mas um corte de dança
Paresque desmancha tudo o esqueleto
Juro casamento e a china disputa
Acredita tudo aquilo que eu prometo
Sou peão domador bem pobre de cobre
Mas rico de amor e uma cosa eu te digo
Se deus me ajudá eu vorto no fim do mês
E te arrasto pra estância pra morá comigo

O coração estufa chega à criá um papo
Fica latejando igual goela de sapo

Quando o sol mete a cara nas fresta do rancho
Gritou o mestre-sala: tá chegando a hora!
Dô o último beijo nos beiço da tchanga
E me dô pelos diacho por ter que m’imbora
Me largo pra estância mas loco que certo
Pra arrumá os tareco e falá co patrão
Garroteia umas égua e vou buscá falouca
Pra cuidá minha roupa e cozinhá feijão

O coração estufa chega à criá um papo
Fica latejando igual goela de sapo