Eu vim no mundo pra fazer meio de tudo Sou igual sovéu cabeludo, feito pra aguentar o tirão Pois tenho o corpo cheio de marca e sinal De manotaço de bagual e coice de redomão Eu sou o primeiro que salto de madrugada Com os garrão' quebrando a geada pra recolher os cavalo' E, a galopito', com a boieira me alumiando Corto a cochilha assobiando, fazendo dueto com os galo' Nasci pra aquentar o tirão, quando me grudo, peleio Fruto do barro vermelho da velha São Luiz Gonzaga Pois trago a poeira colorada incrustada nos meus arreio' Da santa terra abençoada pelos pajés missioneiros Já nascemo' pra aguentar o tirão Não é meu amigo João Boccacio, velho Caquinho Nos aporreado', sou eu que monto primeiro E, nas guampa' do tambeiro, sou eu que finco o ajojo Vou pra mangueira tomando coice das vaca' E ato o terneiro na estaca pra depois golpear o apojo Sou peão de estância das confiança' do patrão E nunca afrouxou o garrão e saiu pura da munha Quando um touruno se aporreia na mangueira Bufando, escarvando poeira, sempre é eu que agarro à unha Nasci pra aquentar o tirão, quando me grudo, peleio Fruto do barro vermelho da velha São Luiz Gonzaga Pois trago a poeira colorada incrustada nos meus arreio' Da santa terra abençoada pelos pajés missioneiros Se um bagaceira inventa terminar o fandango Sou o primeiro que me zango e, de veredita, peleio Tiro pra fora, não surro em frente de gente E arranco os toco' de dente à tapa e cabo de reio Sou nego taura que não dá volta pra nada Pode ser boca entaipada, sou contente com a' minha china' Mas sou o primeiro que a tchanga chama de nego E leva direito aos pelego' quando o bochincho termina Nasci pra aquentar o tirão, quando me grudo, peleio Fruto do barro vermelho da velha São Luiz Gonzaga Pois trago a poeira colorada incrustada nos meus arreio' Da santa terra abençoada pelos pajés missioneiros Da santa terra abençoada pelos pajés missioneiros