Xirú Missioneiro

Do Tempo Das Casa Véia

Xirú Missioneiro


(Minha bota é crua, feita de garrão de potro
Saquei das garra de um aporreado tordilho
Que se boleou e quebrou o pescoço num Pau Ferro
Sovado a suor da potrada que eu encilho)

Chapéu mangueira aninhado nas melena
Guapeando a poeira, minuano, chuva e mormaço
Como bandeira uso um lenço maragato
E pros alçado vai doze braça de laço
Como bandeira, uso um lenço maragato
E, pros alçado vai doze braça de laço

Sou cria antiga, do tempo das casa véia
Belas lembrança que a memória galopa
Aboiei touro, assoviando nas estradas
Cumpro o destino na culatra d'uma tropa
Aboiei touro, assoviando nas estradas
Cumpro o destino na culatra d'uma tropa

(Trago flechilha na dobra dos meus arreio
Grudado nas bota, terra de outras querência
Tenho na barba o cheiro do fogo de chão
E o amor ao Rio Grande, miolo desta consciência)

Eu sou a própria estampa do guasca pampeano
A cavalo, vestido com esta pilcha de outrora
Carcando a espora, vou sorvendo liberdade
Pelos rodeio correndo boi campo afora
Carcando a espora, vou sorvendo liberdade
Pelos rodeio correndo boi campo afora

Sou cria antiga, do tempo das casa véia
Belas lembrança que a memória galopa
Aboiei touro, assoviando nas estradas
Cumpro o destino na culatra d'uma tropa
Aboiei touro, assoviando nas estradas
Cumpro o destino na culatra d'uma tropa

(Repasso pros filhos o conhecimento campeiro
E c'os amigos reparto meu coração
Pois vem do passado esta cantiga estradeira
Que já faz parte da gloriosa tradição)

E a cantiga que salta da minha garganta
Que se agiganta num trotezito chasqueiro
Cruzando o mundo, reverenciando o passado
Num verso xucro que acorda o Rio Grande inteiro
Cruzando o mundo, reverenciando o passado
Num verso xucro que acorda o Rio Grande inteiro

Sou cria antiga, do tempo das casa véia
Belas lembrança que a memória galopa
Aboiei touro, assoviando nas estradas
Cumpro o destino na culatra d'uma tropa
Aboiei touro, assoviando nas estradas
Cumpro o destino na culatra d'uma tropa