De onde terás vindo Vida matreira, que hoje és minha Que campos, perdidos no infinito Encontrei em ti consciência da razão maior Para viver do que ter nascido Vagando em pagos feito pela ausência Despertando sóis Amadureceste a sombra fria E eu sou mais no bem comum que tenho pela vida Por saber que és o mesmo Deus que habita em mim Que são iguais, que são sozinhos Eu também sou tu Buscando a interpenetração das querências Num pago feito de saudade Vivo laçando estrelas Madrugando luas E eu que pensei Que a roda fosse fita de chegadas e partidas Mas a roda não chega, nem parte Vive em torno de si Para dar ao corpo da carreta, como eu Ilusão de ânsias percorridas Deus plantou o homem na terra Deu-lhe raízes ao vento, rosa ao pensamento Luta na paz, paz na guerra E o Homem deparou em si a origem das perguntas Eu sou a maior pergunta, mas quem sou? Não me basta de dia viver no corpo E a noite viver na alma O homem que sou nasceu em mim Pensou, sou semente Sou semente que chegou no tempo Pousei num ventre Despertei nesta existência Plasmado no estado de ser, me fiquei Alimento um elo cíclico Telúrico da raça, raçador Sou prosseguimento de meus avós Para que meus filhos, sejam entre mim E meus netos Mas sei que plantado num sono de terra Voltarei num dia desses ao nascer da morte Porque a terra, a terra é o maior De todos os ventres desta vida Sou semente que chegou no tempo E sou antes mesmo antes de saber que era Hoje que sei, não me permito morrer nunca Mas se após a minha morte Não houver mais nada Faço desse nada uma espera Sem pressa, sem tempo Para tornar a ser um dia Por isto, por mais que siga a distante Sei que não sai de mim, sou no princípio E no fim, razão pura da existência Que vagando na querência O som da palavra pura Expressão do pensamento É a estrada feita no vento Eu transito sem forma Perfumando a brisa morna Pela preguiça do tempo Tenho rimas de silêncio Quando em vulto eu me desfaço Rogando sobre o rumo do meu passo Me convém, deixando a rima que vem pro verso Que eu nunca faço Por mais que siga adiante Sei que não sai de mim Sou no princípio e no fim Razão pura da existência Que vagando na querência