Uma e vinte e nove da manhã E eu pensando nos irmãozin Que se matam tipo as tropas afegãs Pique hemorragia, doença aguda O único meu rei que baiano fala É com Deus pra ver se ajuda Mudam-se as leis e nada muda ACM Neto ou Bisneto e a saga Deus nos acuda continua E ressuscita como uma fênix Podia ser seriado e passar na Netflix É foda, vilão veste farda e tem o porte Pele escura à noite sobrevive se tem sorte É Babilônia e nem é novela da Globo Abaixa o volume da TV, rolou pipoco Cai no chão, perde a respiração e baixa o cílio A chocolate que é entrega a domicílio Toda apagada, madrugada, própria rua Forja o tiroteio, testemunha? Só a Lua Quando eu paro pra pensar não entendo nada Um preto pobre fardado mata um preto pobre sem farda Como se não tivessem filhos e filhas Com a acidez de uma cebola faz chorar mãe de família "Guerra às drogas" essa é a frase E o helicóptero do Aécio, meia t de pasta base Sem lógica, é uma grande hipocrisia Atacam a consequência e isentam de culpa quem financia E me poupe de sua demagogia 20 de novembro é todo dia Desleixo é o que há, a escola acolá E a verba custa a chegar Falam que a educação é modelo exemplar E que incentivam nosso caminhar Pessoas formadas, cabeças pensantes e críticos Crítico tá a educação e por conta desses políticos Falsos deuses, hipócritas, pastores corrompidos Lucrando em cima do povo coagindo através de um livro Não matarás, 20:13, esse é o versículo Mas indiretamente é o que eles mais têm no currículo Mais uma PEC, mais um sonho no chão E a esperança da favela se vê num caixão A melhor saída sempre foi informação Se nos fecham as porta procuramos outra opção ilícita Surgem mais membros nas milícias E é tudo tática pra gastar bala da polícia É o que o Estado quer, nosso povo infiltrado Pra ter mais desculpa ao cometer assassinatos Em massa, a criminalização é uma farsa É estratégia pra gerar genocídio e sair de capa Entro em beco saio em beco, meia-noite na loucura Só tá eu e meu parceiro à procura da mais pura Com 10 conto na mão, identidade na carteira Tentando melhorar o astral da sexta-feira É que, enquanto você dorme, tem gente que mata e morre Tem gente que fuma e cheira e ao ouvir sirene, corre Só que eu tô no silêncio da madruga Choveu há pouco tempo, então muito cuidado na hora da curva A vista turva, um semblante de tensão Ao perceber de longe uma guarnição Ergue a cabeça e bota o dinheiro no bolso Se der a volta, eu faço cara de bom moço Deus me ajude porque sozinho eu não posso Ele me guia e olha por todos os nossos Afasta o carro da maldade, o carro em que O combustível é sangue preto de rapazes Algozes nos jogos vorazes Prematuramente nos cortam, mesmo sem gazes E queimam sempre o nosso filme Artilheiro matador do Super Cine A cena é essa, errou não volta Registrada pelas lentes de Rui Corta Terror, suspense, faroeste ou bang-bang O diretor quem manda e a ordem dele é ver mais sangue A ordem dele é ver mais sangue