Wilson Paim

Baile do Sapucay

Wilson Paim


Neste compasso da gaita do Sapucay
Se bailava a noite inteira lá na costa do Uruguai
Luz de candeeiro e o cheiro da polvadeira
Hermanava castelhanos e brasileiros na fronteira.

Choram as primas no compasso do bordão
E o guitarreiro canta toda a inspiração
E a cordeona num soluço refrexando
Marca o compasso do posteiro sapateando.

Neste compasso da gaita do Sapucay
Se arrastava alpargatas lá na costa do Uruguai
Chinas faceiras com jeito provocador
Vão sarandeando, é um convite para o amor
Levanta a poeira do sarandeio da china
Recendendo a querosene com cheiro de brilhantina.

Neste compasso da gaita do Sapucay
O mandico se alegrava lá na costa do Uruguai
Até a guarda costeira se esqueceu do contrabando
E o Sapucay chegava a tocar se babando
E a gaita velha na baba do Sapucay
Chegou apodrecer o fole neste faz que vai não vai.

São duas pátrias festejando nesta dança
Repartindo a mesma herança, comungando a mesma rima
Disse o Sidinho que o Uruguai beija os nubentes
Une o casal continente, pai Brasil mãe Argentina
E disse o poeta que o lendário rio corrente
Une o casal continente, pai Brasil mãe Argentina.