Parece que foi ontem que eu sai do crime Ladrões e traficantes, não faço mais parte desse time Já fui desiludido, preso e quase morto Covarde, já obriguei minha mina fazer aborto Os fantasmas do passado sempre insistem em aparecer 121, 157, quanta coisa tive que fazer Via minha mãe chorando e meu irmão sempre praguejando Desejando o pior pra mim ao ver nossa mãe em pranto Sinto muito pela minha mãe, que hoje descansa em paz Não teve tempo de ver seu filho se tornar um bom rapaz Alma atormentada, sentindo ódio da vida Minhas atitudes incomodam igual sal na ferida Drogas nunca mais, resolvi parar com isso Deus está comigo, firmei um compromisso Mas às vezes me lembro dos fantasmas do passado Bandido versus polícia, é tiro pra todo lado Quem dera se eu tivesse conhecido o meu pai Mas é só eu e meu Deus, seu filho jamais cai Às vezes me sinto um Prometeu, da mitologia grega Tendo o fígado arrancado em toda noite negra Em um sofrimento eterno, as punições são sérias O corvo assassino jamais entra de férias Quantos manos da quebrada na mesma situação Muitos não saem vivo, é muita lamentação É sangue jorrando, vidas sendo ceifadas E o político em casa, não ligando pra nada É triste ter que ver uma criança pedindo esmola Em vez de estar na escola, lanchando e jogando bola Na minha infância eu sempre quis ser um grande detetive Mas cresci fora da lei, metendo bala no xerife A polícia é traiçoeira, sempre espanca e sempre abusa Agindo errado como sempre, forjando flagrante na minha blusa Nunca li um livro na minha vida, mas eu sempre queria Mas somente com o crack ia pra um mundo de fantasia Fico vendo a molecada brincando de polícia e ladrão Quem de fato será o futuro bandido e o bom cidadão Me sinto um revolucionário, que já sofreu de tudo um pouco Mas será que estou certo, ou só apenas mais um louco Louco, vishi, e como eu era Cheirava de tudo, hum, sem miséria Um corpo sem alma, um espírito vazio O réu, um sádico, assassino a sangue frio Derrotado pelo crime, vendo seu mundo ruir Se acabe no seu vício, faça o diabo aplaudir A vítima da violência não é o playboy com seu dinheiro E sim o pretinho que mora num chiqueiro Quem é que não se lembra do sobrevivente da chacina Sandro do 174, foi o gambé que matou a menina Lágrimas no meu rosto não me tornam menos homem Se um preto precisa de ajuda, os gambé aparecem e logo somem Certo dia um truta meu foi pego por uma bala perdida O moleque era correto, trabalhador, vida corrida O pronto-atendimento foi lento, que pena O rapaz morreu, deixou mulher e uma filha pequena Por que não foi comigo, que tenho um passado sujo Fui um dos acusados, mas logo logo eu fujo A realidade é triste, cruel e intensa Águas passadas não purificam, reflita e pensa Noites de insônia, eu me sinto acabado Pesadelos na minha mente, fantasmas do passado