Eu não quero viver a vida Eu quero me tornar a vida Nessa matéria física Eu rodei me formando na disciplina Foda-se, eu não quero te responder Para com essa carência emocional Porque não vai parar de doer Eu posso até te deixar chupar meu pau Tá na hora de parar de chorar e crescer A vida é tudo menos o que vens a ser Me chamaram de pessimista, nillista Anti-materia, anti-vida Eu digo que a carne diz mais que a lírica O cerne do ego é quase sempre supremacista O efeito das palavras deixam as coisas sem cores Tão vagas e levianas mas quebram persianas Com suas pedras e paus sem pudores Quase tudo faz parte dos seus inibidores O que você reprimi volta pra te assombrar Se torna suas ações, em um backup armazenadas E isso te resume no que você vai se tornar No tempo corrido não se tem tempo pra nada Deixa um pouco as regrinha de lado Amarre os cadarços dessamarrados Na vida o que cê armazena é memória e maços queimados Mesmo não fumando, o seu câncer tá guardado Comemos merda, compramos merda, vivemos na merda No fundo erramos na medida correta Limpamos a merda, se esfregamos na merda, degustamos a merda Depois carregamos o potinho pra coleta Voltando fumando, eu não sei o que tá rolando Parado no canto, quieto, brigando com os meus demônios Cabeça girando, o abismo me olhando Me sinto um níquel girando no ar Eu não quero me acostumar Com a sensação ruim aflorada Minha cabeça despedaçada Eu me sinto ruir em uma estiletada Sobras das sobras que não sobra nada Transforma dejeto em piada, que vem da alma Que ri da amarga das sombras Do nada que volta passada pra cada Forma elevada de piada Subtraida e somada reflete a lama da vala Que vaza o líquido do trauma nos olhos Das almas aprisionadas Eu não quero viver a vida Eu quero me tornar a vida Nessa matéria física Eu rodei me formando na disciplina