Eu fecho os olhos e vejo Cordas e linhas, correntes e grades, Raios e tempestades Estou aqui, com frio em silencio Ouvindo o último choro, Sem ver as lágrimas Tenho vontade de sair, andar pelas ruas Mas as noites são escuras, E acontecem amarguras Não existe um lugar para mim Como eu posso estar aqui? Meu dia não presta, Minha noite é perversa Eu vivo um hoje Esperando um amanhã, Um amanhã, um amanhã... Que nunca chega! Onde está meu mundo? Qual será meu mundo? É material, é espiritual, É natural, é sobrenatural...? Serei eu, o estranho da sociedade!! Não queria fazer parte da humanidade! Mas desejo andar pela cidade Eu sou o problema, o problema é meu, Quem resolve sou eu! Pois eu sou um bicho Ao mesmo tempo um homem Um monstro e de repente um herói Não existe um lugar para mim Pois estou aqui, queria estar aí, ali, acolá... Lá em meu lugar, Onde eu pudesse me encontrar. Por que nasci!? Pra que nasci!? Por que vivo!? Pra que vivo!? Quem vai me explicar!! A teoria, a teologia, A psicologia, a antropologia...? Ainda é muito pouco para mim, Eu quero é prova e ainda quero o troco Nem que esteja morto Será que eu tenho que ser sempre O modelo, o homem econômico Economizar a vida, Pra evitar a morte Economizar a exposição, Pra evitar a doença Economizar o exagero, Pra evitar a violência Economizar o dinheiro, Pra evitar a pobreza E ainda falam para mim Cara, você é um homem culto, Inteligente, se poupe, se economize! Mas ainda me vejo como um homem das cavernas Mesmo sabendo que não sou Sabendo que busco não ser Eu não sei de nada, Eu não tenho nada, Eu não sou nada... E nesta madrugada Eu espero o amanhã, O amanhã, o amanhã... Que nunca chega Razão, emoção, amor, Paixão, desejo, fantasia... Ilusão, depressão, Desespero, frustração... Cadê o meu futuro? Por que esse presente? Eu sou gente, descontente Tenho medo, mas vou com fé Tenho coragem e vou a pé.