Eu sou viciado em fandango e levo a vida flauteada De dia eu domo potros e de noite a paixão malvada Sacudindo igual ginete nos dias de gineteada Sou grosso lá da campanha que nem dedo destroncado E não existe farrancho onde eu não tenha bailado Pois pelo floreio eu sei o que é que vai ser tocado. Não existe nada melhor que uma noite fandangueira Pra brincar de esconde-esconde no meio da polvadeira E falar no ouvido dela no lombo de uma maneira Só ouço o ronco de uma gaita quase me levo a breca Pois sou filho do rio grande e nem fogo me sapeca E qualquer china baguala se dançar bem já me seca Sou bem louco por bailante que nem guri por melado E vou com a china nos braços que nem chibo empanturrado Chacoalhando a mondongueira num trotezito socado Quando arreganha a cordeona sinto uma cosca no pé E me largo noite a dentro pra achar o mel das muié Só com o toco do sabugo no coice de um chamamé Já me disse uma chinoca dançando um vanerão pampa Que eu arregalo um olho e fico nojento de estampa Que nem carneiro merino agarrado pela guampa.