Na sabença utilizada pela crença no mistério popular Do sobrenatural que ronda pela madrugada A velha bruxa vai fumando seu charuto de itú Na espera do exú à meia-noite espectral Enquanto isso a poucos metros do matão do cemitério Um cidadão bebericando vai falando, todo sério Numa roda de baralho, o que não falta é despautério Mesmo assim a atenção é garantida até o final O assunto é cabuloso, não gosto nem de lembrar Foi contando que no sítio, ele viu um boitatá Deslizando pelo pasto, com seu rastro fumegante Num instânte estava lá, de repente já não mais Obscuro clima de tensão, com 3 valetes na mão O contador fez uma pausa e retornou a relatar Sobre os misterios que não param de brotar Quando a lua fica cheia e coruja vai cantar Agora outro calafrio, outro gole de caninha Pois o causo é de mistério e não é da carochinha Relutante desespero, corre e não olha pra trás Gargalhada delirante, parecia o satanás No caminho, em plena fuga, um rosnado assustador Vindo do pasto um lobisomem, expressão de puro horror Salivando em 4 patas, tamanho descomunal Então é sebo nas canelas, corre, corre juvenal Ah meu santo cristo me ajuda a escapar Eu prometo que vou lá na igrejinha confessar Da mesma forma que surgiu, o bicho desapareceu Em uma trilha tenebrosa o fugitivo se perdeu De maneira inusitada, encontrou um ambulante Seu semblante era sombrio, ele sorriu e avançou Um sorriso degradante, dente podre, descarnado Corpo-seco era o penado, a quem a terra rejeitou Desviando no momento em que a mão tentou pegá-lo Outro caminho alternativo, coberto com mato ralo Novamente a correria, desespero, um tanto pasmo Uma clareira no final, mas ja não sabe o que esperar Ao lá chegar, ofegante, com o coração na mão Se deparou com um garoto, camiseta e calção Perguntou o que fazia, perguntou o seu nome Perguntou onde morava, e se vira o lobisomem O meu nome é româozinho, moro naquela direção Se você quiser fugir, então segure a minha mão Juvenal ressabiado, desconfia do moleque Sorridente, serelepe, tem caroço nesse angú O fugitivo se lembrou da lenda de romãozinho Um garotinho tão malvado, até a morte desprezou Agora vive perambulando, espalhando a maldade E disparou na direção contrária do indicador