Se eu pudesse fazer com que o mundo me ouvisse Se eu fizesse do fundo algo menos triste Insisto em querer ser como as estrelas Ninguém lhes mente, nem as vende quando olham pra elas Tu não sentes o frio das minha celas O vazio que me enche a paleta de aguarelas E o que caiu com um corte já foi forte um dia A sorte é o meu azar, o meu mundo é a utopia Se eu pudesse ser mais do que recebo, mais do que o meu medo Mais do que um segredo, se eu pudesse ser mais do que o que sou Não ir para onde vou e sarar o que magoou Se eu fizesse o que não faço e o que faço não fizesse Se eu pudesse ver nos teus olhos o que me apetece Ao ver nem via que o que via era utopia E se um dia eu pudesse ver antes magia Os teus olhos não brilham Os meus olhos não queriam Que os teus olhos não ficam E os meus olhos não sintam Tou com os olhos vazios Tou com os olhos no mar Tou com os olhos no frio E tenho o peito a secar Os teus olhos não brilham Os meus olhos não queriam Que os teus olhos não ficam E os meus olhos não sintam 'tou com os olhos vazios 'tou com os olhos no mar 'tou com os olhos no frio E quero-os apagar Os teus olhos não brilham, os meus olhos não ficam Os desfolhos só riscam, mas que os meus olhos resistam A tudo o resto empresto tudo, mas não o meu eu Porque eu só presto e empresto quando o meu peito é teu E eu não me vendo nem prendo a tudo à minha frente Não te entendo, não me entendo, aqui 'tá frio e tão quente E se um dia tu jurares jurar sentir o que não sentes Dar-me mais uma mentira colada a um pra sempre Se pudesses ser mais do que me dás, mais do que o até já, Mais do que um blá-blá, se pudesses ser mais do que o que és Trocarmos de papel e ‘tares tu aos meus pés Se deixasses de ser fel e fel deixasses de ser Se pudesses deixar fazer tudo acontecer Prefiro morrer de viver, do que morrer no meio do nada Porque eu não vivo nem só nem mal acompanhada ‘tou no quinto cigarro fechada dentro de um quarto Com coração apagado não sei se fico ou se parto vivo sem ti ao meu lado, com um turbilhão agarrado Olho me ao espelho e vejo a falta do bocado Ninguém te disse pra pores ninguém te disse pra tirares E já não é pra o repores pra depois não o retirares Vejo-te com falta de cores tenho uma ferida a sarar E não batas à porta ela acabou de fechar Se eu pudesse ser mais do que recebo, mais do que o meu medo Mais do que um segredo, se eu pudesse ser mais do que o que sou Não ir para onde vou, o que magoou Se pudesses ser mais do que me dás, mais do que o até já, Mais do que um blá-blá, se pudesses ser mais do que o que és Trocarmos de papel e ‘tares tu aos meus pés