Acordei no cimo de um castelo sombrio Inalei cada molécula de molécula de frio Não esperei, desesperei, sem brio, arrepio Levantei o olhar pró céu e sorriu-me O resfrio que se mantém-me na pele Expele-me, arrepele-me, impele-me Para dentro duma cascavel, pra dentro de um anel Tão fechado, apertado, sufocando o sufocado Eu não tou ao teu lado, Envergando o envergado não tou ao lado de ninguém Encapuçado o meu fado vou vendê-lo a alguém Corro com ele pregado pelo mundo do além Imaculado enfeitiçado o karma que não convém Foi-me diagnosticado um certo mal que ninguém tem Como um gelo mais gelado foi ficando e já não vem Aqueles que eu acreditava não trouxeram nenhum bem Foram palavras mal jogadas de quem dá zero e tira cem Fiquei sem nada e comigo, só o meu mundo como abrigo O silêncio é meu amigo, a confiança o inimigo A solidão é o meu umbigo. Será? Antes no branco que contigo Antes um sempre que o antigo. Refrão: A completar um tecto partido Ando a livrar-me de bocados de vidro E uma casa perdida no espaço Ando a livrar-me de memórias fora do prazo Não me contes os passos/ Não me cortes os passos Corri por dentro da muralha escondida Senti que ao sentir a alma era perseguida Não temi, tanto subi, caída, tão perdida Eu teci uma vida de derrotas vencidas A ferida que me rasga no fundo Aprofundo-me e fecundo-me De uma dor maior que o mundo, uma flor de um vagabundo A meia cor do submundo, se eu não mudo quando te falo quanto vale um segundo? Confundo-me no oriundo não é assim que eu quero Imundo-me no refundo sempre à espera do que espero Não vou atrás, circundo, pelo reino que impero Eu sucumbo, incumbo a um tempo que não quero Acelero sem pensar no que não posso nem altero Adultero cada risco e quando risco não inúmero Recupero tudo de mim quando eu sinto eu exagero O inverso de ti é tudo do pouco que eu gero Enterro cada bocado que eu dei e não voltou O engano de uma vida que te deu o que não sou Ao profanar o profano que o vento não levou A guardar o que não deste porque foi isso que ficou. Refrão: A completar um tecto partido Ando a livrar-me de bocados de vidro E uma casa perdida no espaço Ando a livrar-me de memórias fora do prazo Não me contes os passos/ Não me cortes os passos