Vitorino

Moças de Bencatel

Vitorino


Ó moças de Bencatel, 
Não vos zangueis se vos ralho: 
Muito amor, pouco trabalho; 
Pouco trigo,muito mel; 
- Fiai-vos no que vos digo 
E não fiqueis mal comigo, 
Ó moças de Bencatel - 
Para vós, para a lavoura, 
Tomais tento, melhor fora 
Muito trigo, pouco mel. 

Vejo terras de pousio, 
Que andaram sempre lavradas, 
Todas cobertas de flores; 
Mais quando chega o frio 
E passarem os calores, 
E as chaminés apagadas 
E as camas sem cobertores, 
Mal irá ás namoradas 
E pior aos lavradores. 

Funçanatas e derriços. 
Cantigas e pasmaceiras, 
Fazem fugir aos serviços 
Abarrotados de mel 
E estão desertas as eiras, 
Ó moças de Bencatel.