As crianças negras só querem jogar bola As mulheres negras querem que os brancos dêem bola Os homens negros só querem seguir a moda Os velhos negros sempre sentam na revolta Aposentadoria que corrói o trabalho Os carros pretos são os carros mais desejados O tom preto é sempre o mais difamado A roupa preta sempre elegância, meu caro. A comédia negra é sempre a mais engraçada O humor negro quase sempre fala de raça A beleza negra é sempre alterada A arte dos negros é sempre consumada O gato preto aquele amedrontado O tênis preto tem cara de sempre lavado O homem negro sempre um homem forte, né? A mulher negra sempre nos dá sorte, né? O buraco negro só sabe arrancar Quando a coisa tá preta, todos querem se afastar Vou ganhar uma grana preta, dinheiro vivo Tô feliz com a minha nova jaqueta preta, meu estilo Quando o cara tá fudido, ele tá na Lista negra Quando os europeus tavam doentes era pela Peste Negra Quando o alguém está faminto se chama fome negra Quando o amigo é diferente chamam ele de ovelha negra O jovem negro quer ser alguém na vida Ele estuda, trabalha ou até trafica Seja um doutor, cara do mês ou gerente da boca A mãe só queria ter orgulho do moleque e da sua escolha A mãe empregada vendo tudo que é bom O patrão se formou por isso é patrão Ter uma TV, uma casa, um carro isso é padrão Ou então carteira assinada, novo método de escravidão Não pode faltar pra sair mais cedo na sexta Sábado aleluia,arrumar a casa sem prestar queixa Futebol e o churrasco na tarde de domingo Segunda chegou Lá vai eu sofrendo sorrindo . Costurando a vaidade, a desnecessidade Junto com a vadiagem Dando nó pra desigualdade. Refinando a imoralidade, a complexidade A vertigem da inimizade E a maldade na soletragem. Lírico? Eu mesmo tipo Sabotage Vincent, el Rimador na carteira, meu cupade Eu rimo toda a vida e essa louxa vida é uma sacanagem Pagamos caro a passagem Cobra dores a malandragem O piloto é a carne E o açougueiro corta com a sua aparelhagem Sem tempo pra molecagem, cedo perdemos a coragem. Somos traídos na trairagem Somos feridos pra enfermagem Somos cavalos pra carruagem Somos obstáculos pra desocupagem E ainda nos sobra tempo pra viver o que não é da nossa idade. Vamos comemorar com uma cerveja preta Vamos todos condenar a viúva negra Sabe poque? Porque somos Faixa Preta Em achar que a nossa gente é negra E que tá tudo beleza. Escolho preto! Me chama de preto! Porque sou preto!