Gaúchos farrapos de barbas tostadas Cavalgam corcéis de pelo carvão Farejam no tempo os rumos perdidos Galopam silêncios sem patas no chão Rebanhos imóveis, estátuas de sal Ruminam as cinzas no campo queimado E os peixes que saltam das sangas de óleo Beliscam as iscas na pá de um arado E os peixes que saltam das sangas de óleo Beliscam as iscas na pá de um arado Cuidado com a terra, que a volta virá Semeando desertos, ninguém colherá Cuidado com a terra, que a volta virá Semeando desertos, ninguém colherá Cuidado com a terra, que a volta virá Sutis aguapés nas velhas lagoas Sepultam raízes em negro veneno E as garças esguias de asas cansadas Já não podem voar seu voo sereno Pupilas exaustas das rondas insones Procuram na estrela as fontes da vida E a mão que semeou a terra exaurida Espera a semente que não germinou E a mão que semeou a terra exaurida Espera a semente que não germinou