Eu te pressinto, amor Detrás de cada janela, No fundo de cada espelho. Eu te contemplo, amor Enquanto fecho meus olhos Nas solidões de domingo. Eu imagino teu rosto E me transpasso às paredes Da face branca do sonho. Eu adivinho teus passos Nas multidões impassíveis, Nas aflições do caminho. Eu te pressinto na espera, No entardecer do silêncio No corpo claro dos ventos. Quem dera amor, quem me dera Poder olhar-te por dentro, Poder tocar-te um momento. Quem dera amor, quem me dera Roubar à luz de um presságio A sombra mansa da entrega.