Uma amizade perdida Nunca mais pode voltar É amizade fingida Se vai e volta a brincar Ninguém dá nada Se atrás não vier contra valor Ninguém dá nada Se atrás não vier contra valor Só um amigo é capaz Sem receber dar amor Só um amigo é capaz Sem receber dar amor Minha mãe, eu canto a noite Porque o dia me castiga É no silêncio das coisas Que eu encontro a voz amiga Minha mãe, eu choro à noite Neste amor em que me afundo Porque as palavras da vida Já não têm outro mundo Por isso sou este canto Minha mãe, tão magoado Que visto a noite em meu corpo Sem destino, mas com fado Talvez o fado me diga O que ninguém quer dizer E por isso eu o persiga Para nele me entender E por isso eu o persiga Para nele me entender Meu amor tenho cantado Sobre um céu tão derradeiro Porque me entrego em cada fado Como se fosse o primeiro Talvez o fado não me peça Tudo aquilo que lhe dou Por isso por mais que o esqueça Ele não esquece o que eu sou Por isso por mais que o esqueça Ele não esquece o que eu sou Chorava por te não ver Por te ver eu choro agora Mas choro só por querer Querer ver-te a toda a hora Passa o tempo de corrida Quando falas eu te escuto Nas horas da nossa vida Cada hora é um minuto Deixa-te estar a meu lado E não mais te vás embora Para meu coração coitado Viver na vida uma hora Não tenham medo da fama De Alfama mal afamada A fama ás vezes difama Gente boa, gente honrada Fadistas venham comigo Ouvir o fado vadio E cantar ao desafio Num castiço bairro antigo Vamos lá, como eu lhes digo E hão-de ver de madrugada Como foi boa a noitada No velho bairro de Alfama Eu sei que o mundo falava Mas por certo, com maldade Pois nem sempre era verdade Aquilo que se contava Não tenham medo da fama De Alfama mal afamada Muita gente ali, levava Viva sã e sossegada Sob uma fama malvada Que a salpicava de lama A fama ás vezes difama Gente boa, gente honrada