Vicente Celestino

Cabocla Serrana

Vicente Celestino


Existe neste sertão 
no alto daquela colina 
uma cabocla que habita 
uma choupana pequenina 
Ficam todos a contemplar 
a sertaneja 
quando aos domingos 
ela garbosa passa airosa 
para a igreja

Se alguém lhe revelar 
os seus amores, insiste 
Ela corando suspira 
Baixa o olhar e fica triste 
Quem for ao monte pela tardinha 
irá escutar 
os caborés tristonhos 
a glória dos sonhos 
sertanejos cantar 

Cabocla, estes versos 
tão cheios de ti 
escrevi à luz do luar 
contemplando-te a choupana 
ó serrana 
Quisera Deus que fôras minha 
Seria um rei e tu 
de todo este sertão 
quase rainha 
Ter nos lábios teus 
o aroma excelso das caçoulas 
Teus seios afagar 
como a um casal de pombas-rolas 
E ouvir cantar pelas manhãs 
solenizando o nosso amor 
os sabiás nos coqueirais em flor