Atiro as pérolas à frente dos porcos Em cristais poéticos de brilho sonoro Mas eles não enxergam nada Na busca do soma, do refúgio capaz De fazer todo seu menos Transformar-se em mais Há tempos vocês clamam ter encontrado a paz Há tempos isso é dito na TV e nos jornais Mas eu enxergo uma guerra dentro de vocês A guerra mascarada pela calidez Do corpo de Lenina, ou de um outro alguém Tanto faz Pois o amor é palha seca para o fogo que se incendeia Nas engrenagens dessa máquina Que faz o céu se escurecer e se fanar Cada vez mais Fogo, fogo vai nos acalmar Fogo, fogo em nome da nossa paz Fogo, fogo pra acender o meu cigarro E entrar logo no meu carro Fogo, fogo vai nos acalmar Fogo, fogo em nome da nossa paz Fogo, fogo pra acender o meu cigarro E entrar logo no meu carro Antes que Eu perca a hora Me disseram uma vez Que para eu brincar com vocês Tinha que ter um corpo bonito E um sotaque esquisito Me disseram uma vez Que o mundo era dividido Entre o que chamam de verdade E o que de fato faz sentido Mas nunca me disseram Que ia eu ser o bandido Só porque não aceito o erro E o meu fumo proibiram Eu sou as massas, sou a caça Sou o alvo da ameaça Sou o ardor da cachaça Sou o medo da desgraça Sou a raça, sou a cor Eu sou o medo e o rancor Eu sou a algema e a mordaça Sou o fogo e a fumaça Sou tudo que eu quiser Eu sou e aguento o que vier Sou o que um governo quer Eu sou o que o meu Deus disser Sou o homem e o menino Sou rico e o mendigo Sou o santo e o bandido Sou o frio dentro do abrigo Sou o tédio no domingo Sou os erros do teu filho Sou as contas atrasadas E o dinheiro pra paga-las Sou o tempo que não sobra O aluguel que se cobra A cada mês, e a cada vez Nasce mais um, nascem mais três Pra eu criar, pra eu educar Pra eu ensinar como gastar Pra eu me livrar e abandonar Na porta da tua casa