E vem chegando na beira da estrada Traz a poeira da longa jornada Em seu alforje, seu tudo, seu nada Sua algibeira é uma feira acabada Mas na mente a lembrança da casa do Pai A varanda caiada, uma folha que cai No final do verão, ante a nova estação Vento novo que um dia viria E vem chegando entre lenços e trapos Sobras de um tempo de perdas e lapsos Muitos remendos, costuras e laços Não há sandálias, os pés vêm descalços Mas lá dentro do peito a saudade do Pai A vontade de ver o seu rosto que atrai De prostrar-se aos seus pés De beijar seus anéis De pedir sua graça, que basta e passa Muito além da medida Contida E vem chegando e abrindo a cancela Como se abre uma velha janela A luz do sol cobre toda a cautela Esta manhã nunca esteve tão bela Mas lá dentro do peito a saudade do Pai A vontade de ver o seu rosto que atrai De prostrar-se aos seus pés De beijar seus anéis De pedir sua graça, que basta e passa Muito além da medida Contida E vem chegando na Beira da Estrada