A mocidade vive uma vida brilhante Agora vivo a sonhar com os companheiros Em sonho escuto o berrante em surdina Lá nas campinas quando berra os pantaneiros Ainda guardo o meu lenço empoeirado O velho laço do couro de um mateiro Minha guaiaca pendurada sem dinheiro Tudo é tristeza para um velho boiadeiro Quantos pagodes eu dancei lá nas pousadas Quantas catiras sapateei com os mineiros Quantos mestiços entregaram em meus braços Hoje não faço o que fazia primeiro Quantas morenas eu deixei apaixonadas Lá nas pousadas por este chão altaneiro Os bons momentos que passaram em minha vida Já sepultados com setenta janeiros Hoje somente sou escravo da saudade Trago em meu peito a marca da ingratidão A longa idade proibiu os meus desejos Cruel saudade invadiu meu coração E nas estradas que passava com a boiada Essa boiada viaja de caminhão São as lembranças de um velho boiadeiro Que no passado já foi rei da profissão