Na minha casa só se entra descalço Pra minha raiz com a sua conversar Mesmo ogã que põe samba no terreiro Quando toca também tem que sambar Certo dia, ogã muito prezado Me chegou com um sapato bem lustrado Disse que parte do seu leriado Era representar sua personagem Eu, de pronto, falei Desculpe ogã Mas personagem não foi convidada Quando for coisa ruim diga sem pena Se for boa, quero beijo e abraço Plante o pé do que quiser na minha casa Mas que seja com a planta do pé descalço Pé de meia verdade eu deixo seco Pé de mentira jogo na fogueira Pé de planta sativa eu taco fogo Pé de amor distribuo na feira Eu não olho em óculos escuros E nem gosto de pé que tem sapato Não aperto mão que usa luva E só danço se for arrochado Não gosto de quem se acha muito Pois quem julga demais tá bem calçado E prefiro andar de pé descalço Me furando com prego enferrujado Pois quando a terra que piso me fere Algo que fiz pra ela é perdoado (Josefina) Vou-me Josefina pro esquimbau do passa-quatro Tu não se arrumou comigo e eu hoje daqui não passo Rasgo faca no meu bucho, jogo meu corpo no mato E não aviso nem minha mãe Que me carrega desde o parto Que seu filho tão querido se matou Por falta do seu abraço Mas se, Josefina, cê comigo se arrumasse Eu largava qualquer vício e pra sair da mulambagem Eu arrumava até um emprego Desses de terno e sapato Ajuntava meu dinheiro Te comprava casa e barco Josefina, eu vou beijar teu pé de noite Ser teu bem mal-assombrado