Choro as lágrimas do sangue que irei derramar.
A iniqüidade, em exército, veio me buscar.
Meu amigo, a que veio?
Porque me beijas com a morte?
Dói ser traído por você.

Mentiras e farsas contam ao me julgar.
As trevas se organizaram para me condenar.
Dizes que eu blasfemo,
mas rasgas as vestes do meu Reino.
Como se pertencesse a você.

Todos olham atentos para verem o meu final.
Marcas de chibatadas fazem meu manto real.
Me coroam com espinhos.
Me saúdam com um cuspe.
Esbofeteiam o Rei dos reis.
Gritam pelo bandido só para me crucificar.
Entre salteadores vadios vão me entronizar.
Lavam as mãos com meu sangue.
Pensas que és inocente?
Eis aí o monarca dos judeus.

Sinto todos os cravos a me traspassar.
A solidão é o pior de se suportar.
Ó meu Deus, porque me desamparaste?
Verto o sangue, todo meu amor por vocês!