Eu não quero nem lembrar Dos meus tempos de criança Quando passei maus pedaços E o destino fez lambança Logo aos seis anos de idade Sem pai o mundo me alcança, Dos tios que me criaram Muitos anos já passaram Mas permanece a lembrança. Com primeiro que eu morei O trabalho foi pesado Era um homem violento Cansei de ser espancado Tinha que buscar as vacas Cruzando campo e banhado, Cedinho na madrugada Pés descalços na geada Assim é que eu fui criado. No segundo tio que fui Morar foi bem diferente Ele nunca me bateu Eu descansei felizmente Tudo aquilo em minha vida Recebi como um presemte, Foi tio de bom coração Soube dar-me educação E me tratou como gente Todos dois já faleceram Na vida isso acontece Tem gente que ainda vive E minha história conhece Que deus dê a cada um Somente o que merece, Não guardo ressentimento Às vezes em pensamento Aos dois eu faço uma prece.