Nunca vi peixe voando Nem feijão virar pipoca Um riacho sem barranca Índio selvagem sem óca Nunca vi onda baguala Distante da pororoca E nem o tal de tatu Andando longe da toca. Nunca vi noiva tristonha Nem ateu resando missa Ou maluco que deixasse O cão cuidando lingüiça Nunca vi perna de cobra Ou trabalho da preguiça E nem bando de urubu Onde não tiver carniça. Nunca vi gaúcho nato Ir pra gandaia sambar Carioca dizendo tchê E nem um mudo falar Nunca vi o alambrador Fazendo cerca sem pá Pato andando sem pata Nem boteco sem gambá. Nunca vi cavalo manso Precisar de uma maneia Água pura pegar fogo Ou carreiras sem peleia Nunca vi chover pra cima Vencedor de cara feia O pobre com bom salário Nem rico ir pra cadeia.