Quero uma poesia que penetre em minh’alma E me faça por entre lágrimas Sentir o gosto do riso Nada foi perdido Quero mais que uma poesia De amor, não quero poesia Sem lâmina, sem sabor Sem cheiro, sem sangue Sem o pulsar de coração Sem elementos de vida De esperança Quem sabe apenas Um ponto, o silêncio Menos suspiro e reticência Ataque fulminante Quero mais do que palavras Quero o abraço que faça-me Perder o fôlego, me sentir ofegante Quero licença poética E quebrar a censura, e ser livre Para poder mandar alguém Para onde eu quiser E também ser mandado Ao bel prazer Quero o vá ser livre E vamos sermos livres juntos (E que a liberdade não nos separe) Quero a vírgula fora do lugar Só para confundir E ser confundido Quero poder falar na forma Que eu quero e bem entender E dizer que a gramática Não me contaminou Por inteiro Quero ser critico Da minha própria pessoa Quero uma poesia Que sinta a minha dor E chore comigo Como se hoje fosse O último dia Hoje já passou Amanhã quero um conhaque Um cigarro qualquer E uma mulher Que não viva me fazendo Juras de amor E minta todos os dias Me amar Quero sentir o perigo da rua Da curva da poesia E da amada Embriagado, quero Mais que poesia Muito mais do que poesia Hoje vamos nos divertir Até chegar no espaço Fecha os olhos Esquece esse mundo Palavras soltas Sem dono Em busca de serem encontradas