Ele vinha das barrancas do rio d'ouro Cantando o canto da primeira serenata Era o troveiro de boinas e alpargatas Da velha estirpe com brasões de pêlo e couro Cantor das águas que nasceu de contrabando No aguapezal de um bebedor de Tucunduva Um sapucay de mato grande repicando O próprio grito das Missões chamando chuva Com aquela gana missioneira na garganta E a própria ânsia de copiar a natureza Levava nos encontros a certeza Que há um santo guia no destino de quem canta Curta passagem pra canção tão longa Viveu tão pouco, mas cumpriu a sina Se foi ao tranco sacudindo a crina Com lua e sol, com chamamé e milonga O rio da infância se tapou de mágoas Chorando o filho que saiu de lá Calou-se o canto do cantor das águas Não canta mais o Cenair Maicá Com aquela gana missioneira na garganta E a própria ânsia de copiar a natureza Levava nos encontros a certeza Que há um santo guia no destino de quem canta Calou-se o canto do cantor das águas Não canta mais o Cenair Maicá Calou-se o canto do cantor das águas