Valdomiro Maicá

Cantor Das Águas

Valdomiro Maicá


Ele vinha das barrancas do rio d'ouro
Cantando o canto da primeira serenata
Era o troveiro de boinas e alpargatas
Da velha estirpe com brasões de pêlo e couro

Cantor das águas que nasceu de contrabando
No aguapezal de um bebedor de Tucunduva
Um sapucay de mato grande repicando
O próprio grito das Missões chamando chuva

Com aquela gana missioneira na garganta
E a própria ânsia de copiar a natureza
Levava nos encontros a certeza
Que há um santo guia no destino de quem canta

Curta passagem pra canção tão longa
Viveu tão pouco, mas cumpriu a sina
Se foi ao tranco sacudindo a crina
Com lua e sol, com chamamé e milonga

O rio da infância se tapou de mágoas
Chorando o filho que saiu de lá
Calou-se o canto do cantor das águas
Não canta mais o Cenair Maicá

Com aquela gana missioneira na garganta
E a própria ânsia de copiar a natureza
Levava nos encontros a certeza
Que há um santo guia no destino de quem canta

Calou-se o canto do cantor das águas
Não canta mais o Cenair Maicá
Calou-se o canto do cantor das águas