Dentro desta máquina Que move nosso país Estão os índios, brancos, pretos Toda raça sem raiz Compondo as engrenagens Que os esmagam lentamente Depois os lançam na rua da miséria Onde ganham o diploma de indigente Dialogando com o silêncio No meio do barulho urbano Lá vai o fulano e o sicrano Pelas vias do engano Vão colhendo tais migalhas Das desigualdades sociais Que vazam das despensas Dos secretos capitais Fragilidade sem felicidade Sociedade, socialismo em vão É tudo que se vê nesta cidade Pobre injustiçado estendendo a mão Atolados lá no lixo Soterrados nas ruínas do destino Menino, mulher, homem e velho Amassam latas de alumínio Cujo domínio é das indústrias Que vão tirando tal vantagem E nem dão bola pra essa gente que ajuda O Brasil virar o rei da reciclagem Embalsamados de podridão Pela calamidade pública Tornam-se fortes andarilhos À procura de uma melhor república Em ônibus, negreiro e praça Dramatizam a própria desgraça Na corda-bamba se equilibram Ao nosso ritmo-hino: o samba nacional