Fiz um ranchinho de taipa Esteio bem reforçado O lugar é uma beleza O rio passa aqui do lado Na frente plantei de tudo Atrás é mato fechado A natureza é sagrada Não desmatei quase nada Aqui tudo é preservado. Levanto de madrugada Faço a minha oração Lá na mata a passarada Faz aquele barulhão Depois eu vou lá pra roça Chegar terra no feijão De tarde eu pesco de vara Jurupoca e piapara Por aqui tem de montão. Me orgulho em ser matuto Com produtos do sertão Onde deus e a natureza Vive em plena comunhão Por aqui ninguém conhece Violência e poluição O meu vizinho do lado É um mico leão dourado Que come na minha mão. Nas noites de lua clara Também fico iluminado Eu pego minha viola Pra fazer meus ponteados Também canto o cururu Corta jaca e recortado Sou puro caboclo nato Tenho terra e tenho mato No meu sangue misturado.