Valdir Anzolin

O Filtrão

Valdir Anzolin


Vivo triste amargurado
Eu sou lá de Antônio Prado
E não tenho um caminhão
Mas com a safra da uva
Este ano a coisa muda
E compro um diabo de um filtrão
Dizem que dá muita sorte
Transportar cebola ao norte
E vinho em garrafão
Viajo alegre com Juliana
Na Volta trago banana
De São Paulo à Jaguarão

Numa curva e num lançante
Vou firme no volante
Abro buzina e sineta
De repente um valentão
Me cruzou na contramão
E jogou-me na valeta
Senti a cabeça doendo
A barriga se enchendo
Pois a coisa ficou preta
Só ouvi um assobio
(E me corta um par de fio)
Porco cão quase que perco a carreta

Para me livrar do cano
Vinha vindo um italiano
Eu acenei com a mão
Estranhou tanta fumaça
Acho que foi a carcaça
Ou a cruzeta do filtrão
Graças ao meu companheiro
São Cristóvão padroeiro
Pus na estrada o caminhão
Já deslizando na pista
Vai feliz o motorista
Transportando a produção

Vou reduzindo a mudança
Logo ali está a balança
Vem o guarda da semana
Vai no carro faz revista
Diz boa viagem motorista
E pisca o olho pra Juliana
Caminhoneiro bom chofer
Venha de onde vier
É uma profissão bacana
Rindo, cantando ou chorando
Amanhã estarei chegando
Com outra carga de banana