Santa Bárbara e São Jerônimo Nunca vi tanto trovão Noite escura que nem breu Céu mais preto que carvão Entrei num sobrado velho Piorou a situação Essa casa era assombrada Credo em cruz que assombração Uma voz falou pra mim Oi que eu vou cair daqui Eu banquei o corajoso E falei, deixa caí Escutei logo um barulho De uma coisa que caiu Apesar de ser valente Eu senti um calafrio Vi sair primeiro as perna E depois cair os braços Sempre que dizia, eu caio Já caía um pedaço Os pedaços ajuntando Formando um corpo de pé Completou com a cabeça Vi que era um lucifé Fui gritar, faltou minha fala E meu corpo estremeceu Quando arregalei os olhos Minha vista escureceu Quando a vista me voltou Eu me vi numa floresta Estava assim de assombração Reunidas numa festa Veio a porca e os leitões Era sete que contei Lobisomem deu um uivo Nessa hora até gelei Tinha um baita bode preto Bem assim na minha frente Tinha o chifre retorcido E um cheirinho diferente O saci veio assobiando Muito contente da vida Pois no rabo do cavalo Fez uma trança comprida Veio a mula sem cabeça Me escoiceou e pinchou no chão Acordei vi minha sogra Que espantou a assombração