Muros tatuados, gritos marginalizados O recorte da janela num mar de olhos fechados E na falta de amor nos olhares e nos tratos Se esconde a dor de cada passo cansado A alegria na avenida virada em carnaval Os pulmões da capital em inalação cultural O som do riso dos bandos faz o festival Do oceano de gente onde ninguém é normal Cala-boca de borracha emudece as vozes na rua A fauna humana na cidade tão augusta Que vai sem nome andado em si mesma Até sumir Cada existência arrastada em esperança estaiada Igual o portão da cidade em tristeza nublada E o vapor cinza que caminha por sobre a calçada Entope os poros e a alma dessa gente estafada O pileque no boteco num domingo ensolarado O samba ecoa nas vielas perdoando os pecados O som urbano dos carros é sincronizado Ao timbre de cada corpo caminhando calado Cala-boca de borracha emudece as vozes na rua A fauna humana na cidade tão augusta Que vai sem nome andado em si mesma Até sumir E o calendário diminiu sem que tivéssemos notado Não é se feliz e nem triste, vive-se anestesiado