Pacto de paz Pacto de paz, alguém está falando serio Estou cansado de ver meus irmãos no cemitério A ALCA, a NAFTA, a união europeia Nada disso me inclui, quero união das favelas A globalização da miséria humana Conto de fadas numa TV de tela plana Não sou herói de novela, astro de filme de ação Sou poeta da favela, autografando indignação O sistema cria famintos pra depois exterminar Projetos sociais que ninguém vê funcionar Meu morro é de verdade, cenas da vida urbana Escombros da realidade, comércio da vida humana Filmes de periferia ganha prêmio lá fora Mas sem a fantasia continua a mesma historia E aí seu ministro, essa guerra é todo dia Final feliz de novela é pra esgotar bilheteria Mastigando minha fúria vou vivendo de utopia Tecendo minha armadura com o elemento poesia Refrão: Quero atirar poesia, cuspir o meu protesto Mais rima no meu dia, menos ódio nos meus versos Atirar poesia, cuspir o meu protesto Mais rima no meu dia, menos ódio nos meus versos O tráfico, a droga, inventada pra matar pobre Não foi ideia minha, a minha morte vira cobre No cofre do governo a minha morte tem valor A paz é só um termo que algum poeta inventou Na minha comunidade não tem laboratório Sou só mais uma vítima pagando o seu velório Pagando pra nascer, pagando para morrer Terra trabalho e pão, viva o MST Capitalismo selvagem e o bicho não sou eu A educação que estava aqui o gato comeu E o mundo vai vivendo sua receita de herói Status, má fama, política que destrói Robin hood moderno aqui já nasce morto Já saquei o seu esquema, poesia, socorro! Refrão: Quero atirar poesia, cuspir o meu protesto Mais rima no meu dia, menos ódio nos meus versos Atirar poesia, cuspir o meu protesto Mais rima no meu dia, menos ódio nos meus versos A previdência social, máquina forte do governo O sistema capital cria mendigos, enfermos To na fila esperando a minha hora chegar Guardando a minha ira para a hora de rimar Meu braço nú marcado pela industrialização Acorrenta o meu corpo, más a minha alma não Vou jogando, perdendo, ganhando esperteza Enquanto o asfalto vai morrendo vou virando fortaleza Na força, no grito, na miséria, na raça Querem que eu morra de fome Mas to vivo de pirraça Com essas mãos calejadas construo minha bandeira Ordem e progresso nessa máquina caloteira Eu sei que vou gritar e ninguém vai aplaudir Mas insisto vou rimar até alguém me ouvir Quero comida, cultura, ser parte do MERCOSUL Casa seca segura sem o golpe do baú Enquanto o lobo não chega vou vivendo de utopia Tecendo minha armadura com o elemento poesia Refrão: Quero atirar poesia, cuspir o meu protesto Mais rima no meu dia, menos ódio nos meus versos Atirar poesia, cuspir o meu protesto Mais rima no meu dia, menos ódio nos meus versos