Vou contar minha história, sou maior de idade, pobre, careca, nunca vi uma "perereca", moro longe e nunca fui vacinado. Também nunca tive uma namorada, até que um dia meu pai chegou e falou-me assim: Vem aqui filho de um burro, presta muita atenção; De hoje a quinze dias é a sua união; Te arrumei um casamento que é um negócio muito bom; A moça é muito rica e tem dinheiro de montão; Você só vai conhecê-la depois da celebração; E obedeça filho meu senão tu entras num ferrão; Eu só vi a cara dela na igreja de São João; Quando o padre perguntou, eu quase falei que não; Porém eu só dei o sim, o seu pai é valentão; Tem um pé perto de mim que pisou no meu dedão; Picando fumo de corda com um baita de um facão; Tinha um "jagunço" do lado me apontando um garrunchão... Eu só pensava na nossa lua-de-mel, sem saber que ela seria mais amarga que o fel. E ai dentro do quarto foi aquela confusão; Quando ela quis beijar sua dentadura foi ao chão; Sua peruca voou longe foi grande a decepção; Sua cabeça era lisa parecia um melão; Ela foi tirando a roupa eu fiquei na marcação; Uma teta era borracha e a outra era papelão; Tirou uma perna de pau, não tinha sangue nem veia; Arrancou um olho de vidro, colocou dentro da meia; Ela disse meu benzinho, por você meu peito anseia; Sacudiu sua cabeça, já caiu uma orelha; E eu fiquei paralisado como mosquito na teia; Sua bunda era de plástico, meu Deus que coisa feia. Senhor Juiz eu preciso lhe falar, tenha dó senhor Juiz eu quero me divorciar.