Quando a vida, professora traiçoeira Pegar de volta o meu juízo e me entregar esquecimento E quando o mato da montanha estradeira Pedir de volta os meus cabelos e deixar abatimento Eu saberei que devo devolver ao girassol, ao Sol e ao vento Toda a sutileza do meu movimento E às pedras preciosas toda a preciosa e efêmera firmeza Da estrutura onde me sustento E quando o jeito de um pêssego maduro Abandonar a minha pele e secar-me até o osso De toda fruta, seu sabor e sua história Eu poderei ver que o destino é o adubo e o caroço Eu saberei que devo devolver ao girassol, ao Sol e ao vento Toda a sutileza do meu movimento E às pedras preciosas toda a preciosa e efêmera firmeza Sob o firmamento E aí o rio poderá me beber E, enfim, a terra andará sobre mim Eu ficarei dentro do silêncio Até o fim Quem encomendou a expropriação da minha chama Chama (me chama) Quem me transformou de carne e osso em puro devaneio Veio, veio Pra me espalhar Pra me escorrer Pra me jorrar E me esconder