Todas as manhãzinhas A única fia que eu tinha Saía da véia paioça O armoço me levava No arto do cafezá Bem lá no meio da roça Mas um dia não chegô Eu saí pra um carreadô E dei com um quadro tirano Minha fia ensanguentada Já morta tava abraçada Na sua boneca de pano Eu fiquei alucinado Vendo o corpo ensanguentado Sem sabê quem a matô Nisso lá da invernada Veio um boi em disparada E pro meu lado avançô Chegando perto o marvado Com o chifre ensanguentado Pulei de lado num grito E no meio da poeira Uma bala bem certeira Dei o fim no boi mardito Despois de morto o marvado Que caiu amontoado Na poeira vermeiada Fui buscar a minha fia Pra levá no outro dia Na sua úrtima morada Ao entrar no campo santo O seu caixão todo branco Todo enfeitado de flor Os que estavam lá choraro Minhas lágrima secaro Só fui eu quem não chorô Quando foi no outro dia Sobre sua campa fria Eu fiz prece com fervor Pedi pra virgem Maria Carregar a minha fia Para o seu reino de amor