Desde que nasci todos os filmes que já vi Foi na tela da imensidão No romper da alvorada lá na mata A passarada era a minha televisão Quando a noite chegava a Lua cheia Clareava o meu esbelto sertão La no alto do infinito um ornamento Tão bonito comovia meu coração cantando Sou um sertanejo muito velho e sozinho No meu sertão não posso mais trabalhar Quase chorando vou deixar a minha terra Lá na cidade com meu neto vou morar No porão embaixo do seu escritório Que vai morar este velhinho já cansado Lá vou expor minha bagagem sertaneja Que vai comigo por lembrança do passado Um lombilho o meu laco e a viola Um par de esporas o berrante e o facão Uma cabaça que conserva a água fria Chapéu de couro e vara de ferrão Aquele chifre com azeite de mamona Que untava o velho carro de boi Uma garrucha e a espingarda poveira Serão espelho do tempo que eu já se foi Eu não lamento o que esta me acontecendo Pois o destino nos trouxe muita surpresa Cresci na roca firme no cabo de enxada Criei meus filhos a minha maior riqueza Eu hoje deixo meu pedacinho de chão Embora seja contra minha vontade Tem certas coisas que acontecem em nossas vidas Que não podemos fugir da realidade