Trincaosso

Arapuca

Trincaosso


Imagina que loucura certo dia tu acorda
Em um quarto todo preto, sem janela e sem a porta
Se sente perturbado e um tanto quanto apreensivo
Pode ser que esteja morto, pode ser que esteja vivo

Uma voz do além com tom torvo e hediondo
Um chiado estranho de abelha e marimbondo
Recitando a sua morte, anulando a sua sorte
Desejando a tua cabeça decepada num só corte

Tem saudade da família, dos amigos, do emprego
Nem pensou que perderia a harmonia e o sossego
Passa hora, passa dia, sem comida e sem conforto
Todo tempo é agonia, preferia estar morto

Imagina que loucura se te amarram pelos braços
Arrancam os seus dedos, separando em pedaços
Cada corte acumula muita dor e sofrimento
Perceber que essa tortura não tem nenhum fundamento

Largado em desespero, só o fim te alivia
Agulha em um palheiro, achar a luz do dia
Pode até ser exagero, mas não vai achar saída
Não tem nenhum dinheiro pra pagar por sua vida

Uma chance em um milhão de alguém te encontrar
Já é caso perdido, impossível de evitar
Sem direito a injeção de morfina ou calmante
Não terá nem um caixão, mais uma morte irrelevante