Ainda no início Quando Deus caminhava na terra Na Mundurukânia Karú-Sacaebê, o grande mestre Da caçada ensinou A todos homens de Acupari O segredo da mata Da caça E todas as táticas Compartilhou conhecimentos sabiamente E o tempo testemunhou Karú-Sacaebê O grande ser Que ensinou de seus filhos Rairú e Tarú Em busca pela caça Entraram na mata Não trouxeram nada E o povo da taba Negou-lhes alimento Impiedosamente disseram não Munduruku de pedra Sem compaixão Lhes deram farelos, migalhas Um taxo de penas De pele, de ossos Sem coração Debocharam, destrataram Gargalharam de Rairú e Tarú Sacaebê foi presciente Observava atentamente E no teste o povo Munduruku Havia sido reprovado Como havia imaginado Ele ficou enfurecido Ficou no solo Os restos recebidos Em torno de Acupari Lançou um grito forte Com palavras encantadas E virou porco queixada o povo Munduruku Lançou um grito forte Manduruku serás caititu Mundurukú Nejê Tí Iradiê-tiú Ergueu as mãos Moveu montanhas E transformou Acupari Virou caverna Onde ecoam Gritos e grunhidos No negrume em solidão Rairú pede bons irmãos ao Pai Procure o umbigo da terra, desça ao fundo e lá estarão teus irmãos E assim foi a recriação da humanidade