Brincando em esgotos e água parada De tanto cheirar merda hoje não sinto nada Queria um vídeo-game mas empino pipa Aqui não entra carro sobe é de escada E rola tiroteio toda madrugada Sair de casa a noite é tipo um suicídio A turma dos pivete manda na quebrada Mas quando fecha o tempo aqui chove é bala A morte sobe o morro e leva um amigo No meio da incursão dos homens de farda É cada um na sua volta pra sua casa Cai e deu um curte, e sangro sozinho (hardcoree!) São trocas e são tiros entre o morro e a PM Ofuscam o meu choro os gritos da sirene Me deixam numa upa eu cheguei de madrugada Preciso de socorro mas a upa ta lotada Eu soco a parede até secar a minha dor E no quarto de soneca tira um ronco o doutor Aqui é necrotério quem ta vivo já sai morto A raiva é extrema, ela sangra pelo corpo No corredor da morte da upa lotada Aqui na zona norte viro a madrugada A raiva cega a dor e faz de um menino hardcore Eu tenho a porção, a boa que acalma Ou acerela a adrenalina, incendeia a alma Cada um vai no seu tempo, eu só improviso É tanta cocaína impregnada De baixo da unha e a mão calejada A vida é um corre corre e eu sobrevivo São becos e são bocas, e são cosme no pingente Fugindo da polícia e vendendo entorpecente Eu queria um futuro embrulhado pra presente Mas vacila vai pra vala, morto como indigente Você faz sua revolta? Eu faço dela delinguente Dançando ao som da bala no bê a bá da boca quente Não importa a sua ficha, quem é do morro tá ciente Eles vão na cor da pele e dão o teu antecedente A vida de menino ficou na lembrança Olhe nos meus olhos não sou mais criança Hoje meu dilema é vivo ou morro hardcore