eu não quero rimar nada nem dar os versos que eu trago pelo avesso eu não quero ser estrada, retas, ladeiras e nem pedra de tropeço e não quero rimas nobres, reis, livros, derrotas, vitórias e heróis não vou devorar-me com frases surreais e tão pouco chorar em teus lágrimes lençóis... eu não quero ter mais nome, nem pagar as contas da minha herança eu não quero ser avenida, curvas, derrapes, esquinas e faróis também não quero rimas facies, profetas de moedas, poetas de papéis não vou embriagar-me com que trago pelo avesso e tão pouco sonhar em teus sórridos lençóis... porque nada me cala tanto do que um crivo de palavras sem gesto e sem agulha por isso disparo mais que rimas belas, versos que aludam cenas, que alma puxa e a carne empurra e nada mais me abala nem as balas perdidas desse gatilho.