Silene branca, Flor noturna, lua antiga, Eu te quero velha amiga No teu palco milenar. Ao declamar Teus loucos versos empostados Para os jovens namorados Que não têm onde se amar. Atriz divina, Eterna hippie dos espaços, Com a viola nos meus braços Hoje eu vou te declarar. Que bem me importa Abras a porta ao cosmonauta Quando eu sinto a tua falta Me dás sempre o teu luar. Lua vedete, Quando surges no teu palco É preciso muito álcool Pra curtir tua visão. Porque assim nua Em meio a tanto poeta junto Tu me fazes sofrer muito, Ai, que dor no coração. Ainda me lembro Dos ciúmes que eu sentia Ao ver Antônio Maria Deslumbrado a te mirar. Ou sempre quando Ao ver cair teu nívio xale, O poeta Jaime Ovalle Não parava de chorar. Lua materna, Companheira dos boêmios, Que em teus brancos seios gêmeos Gostam de se embebedar. Teu trovador, Com muito amor e um grão de arte Quer cantar-te uma canção Que ninguém nunca ousou cantar. É muito triste Ver os homens do futuro Ir erguendo um novo muro No teu solo milenar. Por isso hoje No teu colo, mãe serena, Vim cantar-te a minha pena Nesta noite sem luar.