Como é que pode, a gente ser menino, Ter sua coragem, traçar seu destino Sem pular o muro, trepar no coqueiro. Ir no quarto escuro, mãe, Me mete medo, mãe, me mete medo. O bicho te pega, boi da cara preta. Deus te castiga, medo de careta. Boi da cara preta, mãe, Me mete medo, mãe, me mete medo. Mas atravesse o escuro sem medo. De repente a gente começa a crescer, Quer uma mulher que não pode ser. O pai quer matar, a mãe quer morrer. Não dá pra ganhar, não dá pra perder, não dá. A mulher se joga do alto do edifício Porque o mais fácil fica o mais difícil, fica o mais difícil. Mas atravesse a vida sem medo. O perigo existe, faz parte do jogo Mas não fique triste que viver é fogo. Veja se resiste, comece de novo. Ao cruzar a rua você está arriscando, Pode estar na lua, pode estar amando. Passa um caminhão, cruza uma perua. O cara tá na dele, você tá na sua. Mas atravesse a rua sem medo. Chega um belo dia de qualquer semana, Alguém bate na porta, é um telegrama. Ela está chamando, é um telegrama, ela está chamando. Pra uns ela vem cedo, pra outros vem tarde. É que, cedo ou tarde, ela vem de repente. Chega pro covarde, chega pro valente, Só que ninguém gosta de ir na frente Mas atravesse a morte sem medo.