Façam seu jogo, senhores. Quanto vale uma criança Sem brinquedos pra brincar Encostada ao pé da porta Sem nem forças pra chorar. Quanto vale um sorriso Do menino adormecido Na infinita madrugada Em seu sonho colorido. Façam seu jogo, senhores. Mãos no bolso, boa ação. Façam seu jogo, senhores. Alivia o coração. Façam seu lance, senhores. Toda alma quer perdão. Façam sue lance, senhores, No mercado da aflição. Quanto vale a cor do ódio Nesses olhos de criança, Que não sabem ver ternura E que da paz não têm lembrança. Quanto vale uma lágrima Triste, vil, em descaminho Num rostinho de menino Que tem medo de carinho. Quanto vale um homem morto No melhor do seu destino, Pelo medo assassinado, Esse resto de menino. Quanto vale esse meu canto Que já nasce estrangulado Pelo nó da indiferença, Canto tão desesperado.