Abram alas minha gente que chegou um cantador Que nem sempre é decente, mas que canta por amor. Bolso cheio só de raiva, fel na boca e coração. Meu nome foi Dino Paiva, era nome de prisão. Mas nas quedas desse mundo, ou por troça ou desacato, Fui perdendo até o nome, só me chamam Carrapato. Pior que sarna sou que gruda, nó que ato não desato. Nem sombra me acuda: quando chego, chega o chato. Troco tudo nesse mundo, até o certo dá errado. Rezo a Deus o amor profundo, e o Diabo é que é chamado. E pus filho nesse mundo, eu casei, fui batizado. Eu amei mulher fingida, fui sendo engabelado. Fui lavar a minha honra com trabuco e com machado, Só encontrei foi mais desonra, pois voltei todo cortado. Fico só com minha raiva, meu amor atraiçoado. Fico só com cinco filhos sem saber se aparentado.