Caravelas no mar à todo pano Terra à vista, a tripulação se assanha Cachoeiras jorrando da montanha Quanta cor, quanta luz, quanto bichano Onça, paca, tatu, guará, tucano Cobra, mico, jacu, arara, aranha Peixe-boi, capivara e ariranha Que surpresa pro povo lusitano! Já valeu tanto tempo no oceano Pra pisar essa terra que ele banha Que riqueza a madeira dessa mata Pau-brasil, jatobá e gameleira Quanto ouro rolando a ribanceira Na pedreira, granito, ferro e prata Esmeraldas brotando em cada reta Diamantes descendo em corredeira A borracha a escorrer da seringueira Índia nua nas águas da cascata É tesouro pra encher muita fragata Na fartura da terra brasileira E Cabral se lembrando da terrinha Dos banqueiros, nobreza, rei e escudo Enviou pra Lisboa o conteúdo Da poética carta de Caminha Sua Alteza gostou da ladainha Que o dinheiro investido foi graúdo E é fortuna demais pra botocudo A riqueza que a nova terra tinha Nem com quinhentos anos, ó Rainha Vai dar tempo da gente levar tudo